Caro Bruno Moura
Permita-me, na sequência de anterior "Carta aberta", dirigir-lhe algumas palavras:
Estou a escrever logo após a derrota na vila das aves. É nestes momentos em que o desânimo e a descrença se tentam apoderar de nós que temos que apelar ainda com mais denodo a todos os nossos recursos. E você tem-nos e estou certo que os potenciará ao máximo. Se assim não fosse não tinha aceite este desafio de treinar um clube que assume não querer crescer sobre malabarismos financeiros e outros. O Santa Clara é um clube diferente dos demais, em que a insularidade e a idiossincrasia dos seus adeptos se fazem pesar, por vezes em demasia.
Não desanime, continue a incitar e incentivar os seus jogadores. Mesmo que não consigamos subir este ano, teremos, talvez pela primeira vez, a possibilidade de levar a cabo um projeto bem pensado: nos anos anteriores a miragem da subida e a consequente queda das expetativas de subida acabaram por abortar os projetos no seu início. Se não nos sentirmos pressionados para subir talvez consigamos subir. Se não conseguirmos subir, consiguemos dar continuidade a um projeto de consolidação e crescimento.
Boa sorte. Força. Ânimo.
Caro Mário Batista (e restante Direção)
Em primeiro lugar muitos parabens pela vossa eleição e pela vossa realista e consistente dedicação.
Permitam-me uma opinião, que, como tal, vale o que vale e, além disso, não resulta senão duma especulação, mas que poderá ser dotada de algum sentido.
Um dos grandes problemas do Santa Clara este ano são os maus resultados fora de casa. A que se deve tal problema? Obviamente que qualquer resposta a esta questão só poderá ser especulativa e subjetiva. A minha, além disso, é, aparentemente, paradoxal mas penso que poderá ter algum sentido.
Assim, a minha opinião é que o Santa Clara tem feito maus resultados fora porque tem muito pouco público em casa. Passo a explicar a minha ideia. A maioria dos nosso jogadores é do continente. Assim sendo, o que é para eles jogar em casa?
O que é estar em casa? O que é estar fora de casa? A maior garantia para uma boa adaptação quando estamos longe de casa é a capacidade que possamos ter para conseguirmos levar dentro de nós os nossos. Com os nossos bem interiorizados dentro de nós não nos sentiremos tão desadaptados fora de casa. Isto acontece desde que nascemos, nas vária circunstâncias e vicissitudes da vida.
No caso dos nossos jogadores, não estou propriamente a referir-me às suas pessoas mas à sua condição de jogadores. Nesse sentido, como jogadores, estar em casa e conseguir interiorizá-la como um bom objeto interno significará ter o nosso estádio mais cheio durante os jogos.
E é nessa ordem de ideias que penso que um bom investimento seria facilitar mais o acesso do público aos jogos. Válidas poderão ser muitas soluções. Adianto uma, a título de exemplo, proposta pelo meu filho Gonçalo: por cada bilhete comprado por determinado adepto, serem-lhe dados dois bilhetes extra. A receita poderá ser menor mas os números maiores.
Perdoem-me a vastidão desta carta e a eventual intromissão em assuntos que serão do vosso foro, mas como adepto profundo e de longa data, não gostaria de deixar de dar algum contributo e algumas palavras de incentivo.
Bem hajam.
Saudações Santaclarenses.
João Carlos Melo
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